O secretário de saúde de Lucena, Antônio Paulo, a técnica que aplicou as vacinas para adultos em pelo menos 48 crianças de forma indevida, a enfermeira responsável pela Unidade Básica de Saúde (UBS) em que houve a vacinação e a chefe de imunização do município foram afastados dos cargos, conforme informou o prefeito da cidade, Leo Bandeira (Solidariedade), nesta segunda-feira (17). O anúncio foi feito durante uma entrevista coletiva para a imprensa.
De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Lucena, a previsão é de que as exonerações dos quatro sejam publicadas no Diário Oficial do município ainda nesta segunda-feira.
Pelo menos 48 crianças foram vacinadas contra a Covid-19 com doses para adultos em uma Unidade Básica de Saúde (USB) da cidade de Lucena, na Região Metropolitana de João Pessoa. A vacinação teria acontecido desde dezembro de 2021 e o fato veio à tona no sábado (15), após denúncia apresentada ao Ministério Público Federal (MPF).
Os imunizantes foram aplicados tanto em uma UBS quanto em uma âncora desta mesma unidade em um assentamento na cidade.
Em depoimento dado ao MPF na tarde do domingo (16), a técnica de enfermagem que aplicou as vacinas informou que aplicou as doses nos dias 29 de dezembro de 2021 e 7 e 11 de janeiro de 2022, ou seja, antes de iniciar o calendário de vacinação para crianças entre 5 e 11 anos, que começou no último sábado (15).
A vacina da Pfizer usada nas crianças fazia parte do lote FN3457, destinado a adolescentes e adultos.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, as vacinas armazenadas em temperatura de 2ºC a 8⁰C devem ser usadas em até 30 dias para que a eficácia do imunizante seja mantida. Agora, a SES investiga se esse período de 30 dias já havia passado entre a distribuição para Lucena e a aplicação nas crianças no dia 29 de dezembro. Caso seja confirmado, as vacinas são consideradas vencidas.
Segundo informou o prefeito de Lucena, as crianças estão sendo acompanhadas por uma equipe específica designada para esta função. “Temos uma equipe acompanhando diariamente, casa por casa, para saber se [as crianças] tiveram reação ou problemas”, disse.
Ainda conforme o gestor municipal, médicos e enfermeiros vão diariamente até as casas das crianças. Se alguma anormalidade for identificada, a equipe de saúde do município vai decidir qual procedimento adotar.
Por outro lado, a mãe de duas crianças vacinadas de forma incorreta disse em depoimento ao MPF-PB que os filhos não receberam acompanhamento de nenhum órgão de saúde.
O secretário Geraldo Medeiros explicou que a orientação do Programa Nacional de Imunização (PNI) é de que a partir de quatro semanas, as crianças sejam revacinadas com a dosagem pediátrica, de um terço da dose do adulto e com vacinas em pleno prazo de validade.