Nas últimas 24h, o Rio Negro tornou a subir e está à 1 cm de alcançar 30 metros. Atualmente, ele está à 29,9 m (marca histórico comparado às cheias anteriores no Amazonas).
Especialistas já haviam previsto que o nível do rio pudesse atingir a marca dos 30 metros nas próximas semanas para, então, se estabilizar e começar a baixar lentamente.
Segundo a pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Luana Gripp Simões Alves, há 80% de chances de o nível do Rio Negro chegar aos 30 metros, mas, em termos de volume d´água, isso não significaria prejuízos maiores que os já registrados.
“Em termos de volume d´água, o fato de o nível subir um ou dois centímetros a mais impactaria muito pouco”, disse Luana, ontem. A pesquisadora também explicou que as medições comportam uma margem de erro de até cinco centímetros – dentro da qual os resultados vêm variando ao longo dos últimos dias, o que, segundo a pesquisadora, reforça a tese de que a situação esteja começando a se estabilizar.
“Tudo indica que estamos passando por um processo de finalização de enchentes. Provavelmente, em termos de efeitos, a inundação que observaremos este ano é isso aí que já estamos vendo”, comentou Luana, enfatizando que, mesmo depois que o nível do Rio Negro começar a baixar, os efeitos da cheia serão sentidos por algum tempo. “Os impactos não vão cessar de um dia para o outro. Ainda demorará várias semanas, pois, no primeiro momento, a velocidade [da vazão] será lenta.”
Em Manaus, as cheias do Rio Negro afetaram a população de 15 bairros. A prefeitura começa a pagar, hoje, o auxílio aluguel municipal para 1.834 famílias atingidas. Cada família contemplada receberá R$ 600, pagos em duas parcelas de R$ 300 cada. Além disso, nas duas últimas semanas, a prefeitura distribuiu 2 mil cestas básicas, colchões, lençóis e kits de limpeza. Por segurança, postes de iluminação da região central foram desligados a fim de evitar incidentes.
Além de Manaus, outras 57 cidades amazonenses foram de alguma forma atingidas pelas cheias de rios que cortam o estado. Dos 62 municípios amazonenses, apenas quatro não foram afetados. Quarenta e oito prefeituras decretaram situação de emergência; seis reconheceram a situação de transbordamento dos cursos d´água e quatro a situação de alerta. Veja a relação abaixo.
Municípios amazonenses em situação de emergência (48):
Calha do Baixo Solimões (9): Manacapuru; Careiro da Várzea; Anori; Caapiranga; Anamã; Codajás; Iranduba; Manaquiri e Careiro Castanho.
Calha do Médio Solimões (8): Jutaí; Fonte Boa; Japurá; Maraã; Uarini; Alvarães; Tefé e Coari.
Calha do Juruá (7): Guajará; Ipixuna; Eirunepé; Envira; Itamarati; Carauari e Juruá.
Calha do Purus (6): Boca do Acre; Pauini; Lábrea; Canutama; Tapauá e Beruri.
Calha do Baixo Amazonas (5): Barreirinha; Boa Vista do Ramos; Nhamundá; Urucará e Parintins.
Calha do Madeira (4): Borba; Nova Olinda do Norte; Novo Aripunã; Manicoré.
Calha do Alto Solimões (4): Atalaia do Norte; Tabatinga; Tonantins e Santo Antônio do Iça.
Calha do Médio Amazonas (4): Itacoatiara; Silves; Autazes e Urucurituba.
Calha do Rio Negro (1): Manaus.
Municípios amazonenses em situação de transbordamento (6):
Calha do Alto Solimões (3): Benjamin Constant; São Paulo de Olivença e Amaturá.
Calha do Baixo Amazonas (2): São Sebastião do Uatumã e Maués.
Calha do Médio Amazonas (1): Itapiranga.
Municípios amazonenses em situação de alerta (4):
Calha do Rio Negro (4): São Gabriel da Cachoeira; Santa Isabel do Rio Negro; Barcelos; Novo Airão.
Municípios amazonenses em situação de normalidade (4):
Calha do Madeira (2): Apuí e Humaitá
Calha do Médio Amazonas (2): Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo.