O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou nesta quinta-feira (6) o cancelamento do carnaval de rua de São Paulo em 2022 por causa do avanço da Covid-19 na cidade, após a chegada da variante ômicron.
Apesar do cancelamento, Nunes manteve os desfiles das escolas de samba de SP no Sambódromo do Anhembi, que devem acontecer nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro. Entretanto, os desfiles só poderão ocorrer se a Liga aceitar os protocolos sanitários.
“Por conta da situação epidemiológica está cancelado o Carnaval de Rua de SP. Nós vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba para combinar um protocolo para a realização dos desfiles no sambódromo. Caso eles aceitem os protocolos, os desfiles serão mantidos”, disse o prefeito Ricardo Nunes.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, os protocolos ainda não foram definidos, mas serão norteados com as exigências da vigilância sanitária da cidade, em parceria com a Liga.
“Nós vamos sentar com a Liga das Escolas para estabelecer esses protocolos de acordo com as exigências da Vigilância Sanitária. Nossa preocupação não é apenas com os desfiles, mas também com as aglomerações nos ensaios”, afirmou Aparecido.
A solução é similar a anunciada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que manteve os desfiles na Marquês de Sapucaí, mas cancelou a saída dos blocos de rua na capital fluminense.
A decisão do prefeito da capital paulista aconteceu após uma reunião com representantes da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que apresentaram um estudo sobre o comportamento da Covid-19 na cidade nos últimos meses. A partir do estudo, Nunes decidiu cancelar os festejos de rua na cidade.
Recomendações da vigilância sanitária de SP
- Intensificação da vacinação e doses de reforço contra a Covid-19;
- Manter o uso obrigatório de mascaras na comunidade, bem como demais medidas não farmacológicas;
- Higienizar a mãos;
- Etiqueta respiratória;
- Que seja evitada qualquer tipo de aglomeração onde não se possa ter controle sanitário seguro
- Cancelamento de todas as atividades relacionadas ao carnaval de rua 2022 na capital, bem como atividades que não tenham controle sanitário
Aumento das contaminações
Segundo o representante da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) presente na reunião, Luiz Arthur Vieira Caldeira, a cidade pode ter nesse momento o dobro de casos positivos de contaminação por Covid-19 e síndrome gripal que no pico da doença na segunda onda, em março e abril de 2021.
“Há uma pressão na porta de entrada das unidades básicas de saúde desde a 2a semana de dezembro com síndrome gripal. Em 60%, 70% dos casos há indícios de que seja Covid, o que indica um rebote da doença. A Covid voltou e voltou com tudo”, afirmou Caldeira.
“Neste momento, os pacientes com sintomas gripais, quer seja de Covid, gripe ou outros vírus, já representam o dobro de casos que tinha no pico da P1, em março, abril de 2021. Logicamente que não se compara com os casos de gravidade. São muito menos graves agora. São número de contaminados, não necessariamente de doentes”, explicou.
Com o cancelamento dos desfiles dos blocos de rua, a Ambev, que foi escolhida como empresa patrocinadora do carnaval de rua em 2022, deixará de pagar a cidade o valor de R$ 23 milhões estipulado no contrato de patrocínio assinado no ano passado.
O montante ainda não havia sido recolhido aos cofres da cidade por causa da indefinição do evento desde o final de 2021.
250 blocos cancelam participação
Nesta quarta (5), três entidades de blocos de rua de São Paulo publicaram um manifesto público em que cancelam a participação de cerca de 250 blocos no carnaval de rua da cidade e dizem que não aceitam participar de eventos fechados no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul, como estava sendo estudado.
No documento denominado “Te Amo São Paulo, mas não vou fazer seu Carnaval…”, as entidades do setor afirmam que “os blocos participantes dos Coletivos, em sua grande maioria, comunicam que não sairão às ruas neste Carnaval de 2022, mesmo que a festa seja autorizada” pela gestão municipal.
O manifesto dos blocos foi assinado pelo Fórum de Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo, pela União dos Blocos de Carnaval de Rua do Estado (UBCRESP) e pela Comissão Feminina de Carnaval de SP. Essas entidades representam blocos tradicionais da cidade como Acadêmicos da Cerca Frango, Jegue Elétrico, Bloco do Abrava, Me Lembra Que Eu Vou, Sanatório Geral, Bloco Gambiarra, entre outros.
O grupo afirmou que “é obrigação do Poder Público ser rigoroso na observância das regras sanitárias em todos os eventos que já acontecem e vão acontecer na Cidade de São Paulo” e não aceitam alternativas que não seja a de preservar a vida dos paulistanos.
“Todos concordamos que o Carnaval não deixará de ser comemorado, inclusive por Blocos que assim desejarem, mas esperamos que cada grupo ou cidadão que queira celebrar a vida, o faça pensando na melhor forma de preservar a vida! (…) Não admitimos a hipótese de se realizar um evento de ‘Carnaval de Rua’ em lugares contidos, ao ar livre, como o Autódromo de Interlagos, Memorial da América Latina, Jockey Club, Sambódromo e outros. Isso é alternativa do setor privado”, afirmou o documento (veja íntegra aqui).
A carta dos blocos se antecipou à decisão da Prefeitura de São Paulo de cancelar ou não o carnaval de rua da cidade, como já aconteceu no Rio de Janeiro, em Salvador e Olinda.