Os desafios na condução da pandemia e as dificuldades para levar médicos para o interior do Estado marcaram a inauguração da nova sede do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems-AM), que funciona como suporte para os secretários de saúde e corpo técnico das secretarias dos 62 municípios. O evento reuniu políticos, autoridades sanitárias e representantes do Ministério da Saúde, na noite desta segunda-feira, 26/07, em Manaus.
A nova sede representa mais estrutura e acessibilidade para os secretários de saúde tanto da capital, quanto do interior. Localizado no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul de Manaus, o espaço servirá para treinamento de equipe técnica dos municípios, além de contar com salas de reunião e auditório. Segundo o presidente do conselho, Franmartony Oliveira, apesar da conquista, o momento ainda é de alerta, mesmo com a diminuição de casos confirmados e de internação no interior pelo novo coronavírus. Oliveira afirmou que, atualmente, 40 municípios estão sem casos de pacientes internados por Covid-19, fruto também da intensificação da imunização.
Para o presidente, o que fica da pandemia é o aprendizado e o legado para a saúde, visto que os municípios receberam mais recursos e muitos conseguiram melhorar na prática a condição local de infraestrutura e de atendimento. “Manaus registrou o dobro de óbitos do interior, então a atenção básica dos municípios se mostrou bem mais organizada. Estamos fortalecendo essa parceria com nossos políticos, como o deputado Sidney Leite. Somos apartidários, lutamos pelo fortalecimento da saúde do nosso Estado e os parlamentares são de suma importância nesse processo, pois a maioria dos recursos das emendas foi destinada à saúde. Precisamos avançar em muita coisa, mas conseguimos enxergar uma luz para a melhoria dos serviços, principalmente, no interior do Amazonas”, ressalta Oliveira.
Na avaliação do deputado federal Sidney Leite (PSD-AM), Manaus foi o pior exemplo da pandemia no Brasil e no mundo, o que mostrou o quanto a atenção básica faz diferença. “A pandemia desnudou duas coisas: onde o sistema de saúde não funciona e a desigualdade social. Os municípios não podem depender apenas de emendas parlamentares. A Covid-19 tem que deixar para nós um aprendizado. Há um consenso na bancada do Amazonas que precisamos priorizar os recursos para o interior do Estado. Vocês (secretários de saúde), melhor do que ninguém, sabem o desafio que é fazer saúde no interior, que muitas vezes não tem uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para transportar um paciente. E sabemos que quanto menor o município, maior a dificuldade e os desafios”, afirma Leite.
O secretário municipal de saúde de Boca do Acre, Manoel Barbosa, destacou as dificuldades em levar melhorias para o interior, visto que 80% dos investimentos na saúde, assim como o capital humano, se concentram na capital. “A dificuldade de levar médicos e técnicos de saúde para o interior é grande. Manter um especialista no município é muito difícil. Hoje, as prefeituras sobrevivem graças às emendas parlamentares. Em Boca do Acre, estamos pagando R$ 100 mil para ter dois anestesistas no município. Precisamos levar mais profissionais para o interior do Estado do Amazonas. Se não resolvermos essa questão, toda essa massa de pacientes vêm para Manaus, o que pressiona ainda mais o sistema de saúde. As maiores despesas do município são para manter profissionais de saúde no interior”, alertou Barbosa.
De acordo com Jânio Quenta, que na ocasião representou a Secretaria de Estado da Saúde, a pasta atua para descentralizar os recursos. “A secretaria está focada em diminuir os tempos das filas e cobrar o lançamento do edital Mais Médicos, do Ministério da Saúde. Nosso foco não é o de mais hospitais, mas sim focar em mais assistência, mais atendimento”, completa.