Após a bolsa brasileira cair pouco mais de 3%, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (28) que o mercado vai se acalmar se o Congresso aprovar a reforma do Imposto de Renda e a proposta que limita gastos com precatórios –dívidas do governo reconhecidas pela Justiça.
Na avaliação do ministro, o mercado teme uma eventual falta de compromisso fiscal e acompanha os movimentos do governo e do Congresso em relação às eleições. Para ele, excesso de gastos públicos é caminho para derrota eleitoral.
“Tem uma certa incerteza, me perguntaram a respeito da queda da bolsa, a bolsa caindo, clima meio ruim. Tem uma incerteza que precisa ser removida, nós precisamos de um Bolsa Família em torno de R$ 300 e nós temos que fazer isso com responsabilidade fiscal”, disse durante apresentação no Fórum Nacional do Comércio.
O ministro disse que o governo precisa de uma aprovação dupla de projetos. Enquanto a limitação dos precatórios abre espaço no Orçamento, a aprovação da reforma do IR, com a taxação de dividendos, será usada como fonte de compensação financeira para as novas despesas do programa social.
“Se nós aprovarmos isso, o mercado se acalma, a bolsa volta a subir, tudo se acalma, o que existe hoje é uma enorme incerteza”, afirmou.
“O medo do mercado é que justamente haja uma falta de compromisso fiscal. O medo do mercado é o seguinte, as eleições vêm aí e as pessoas ficam alucinadas em época de eleição, todo mundo fica nervoso, todo mundo quer ganhar voto, todo mundo quer gastar dinheiro e isso pode ser caminho para uma derrota eleitoral”, completou.
Puxada pela aversão de investidores a riscos, a Bolsa de Valores brasileira caiu 3,05% nesta terça, fechando a 110.123 pontos. O dólar subiu 0,87%, a R$ 5,4260.
O ministro disse que desde 2019 o governo vem enfrentando uma série de choques econômicos. Ele comparou o cenário às “sete pragas do Egito”.
Guedes voltou a criticar especialistas que fazem previsões negativas para o país, disse que a economia está retomando com força e que continuará crescendo em 2022.
“O setor privado está vindo com tudo, recorde seguido de arrecadação, recorde seguido de consumo de energia elétrica, consumo de petróleo, o Brasil está bombando”, disse.
O ministro disse não concordar com afirmações de que reformas de impacto normalmente são feitas no primeiro ano de governo e disse que vai “seguir fazendo reformas até o último dia”. Em seguida, porém, ele reconheceu a dificuldade de fazer pautas avançarem no Congresso em ano eleitoral.
“Tudo que precisar de apoio constitucional, Congresso, estamos fazendo agora. Ano que vem é ano de eleição, os políticos estão ocupados? Não tem problema, vamos fazer o que não precisa de apoio, vamos reduzir as tarifas de importação devagarinho, botar todo mundo para fazer musculação em vez de ficar assistindo Netflix, vamos botar a indústria para correr um pouquinho, estamos baixando os impostos, vamos simplificar”, disse.