Trezentas e trinta páginas recheadas de conteúdo e emoção. Agora o torcedor azul e branco vai poder acessar as letras das obras musicais do Boi em uma antologia construída a partir de uma pesquisa documental de quatro meses, conduzida pelo conselheiro de artes do Boi Caprichoso, professor de história, Diego Omar da Silveira, e pelo jornalista e produtor cultural, Roberto Sena.
Esse material está disponível em “O Livro da Toada: uma antologia Caprichoso”, livro composto por centenas de canções que atravessaram gerações, desde as canções folclóricas dos primeiros tempos da brincadeira até aquelas produzidas nos dias atuais. A obra, publicada pelas editoras Autografia e Universidade do Estado do Amazonas (UEA), foi viabilizada com recursos do Prêmio Encontro das Artes – Lei Aldir Blanc: Categoria Memória e Pesquisa Cultural, do Governo do Amazonas e do Governo Federal. Os organizadores do livro, juntamente com a equipe do Centro de Documentação e Memória do Boi-Bumbá Caprichoso, compulsaram folhetos distribuídos nas primeiras apresentações do bumbá e fizeram a compilação de tudo o que está nos produtos fonográficos e audiovisuais do Boi, além dos recentes álbuns digitais.
Diego Omar e Roberto Sena dedicaram-se à uma pesquisa cuidadosa com a base de dados como fitas cassetes, LPs, CDs, DVDs. “O trabalho do livro da toada vem no embalo da própria estruturação do CEDEM Caprichoso, no qual a gente diagnosticou uma certa ausência de políticas voltadas para a salvaguarda do patrimônio e a preservação da memória do Bumbá, que é musical, mas que também é estética, se a gente pensar nas centenas de desenhos, croquis, projetos e fotos que produzimos ao longo dessas décadas”, descreve Diego Omar.
O Livro da Toada conta a trajetória musical do Caprichoso e vai, certamente, ser muito bem recebido por torcedores e pesquisadores. A obra é a primeira da coleção “Bumbás de Parintins, nosso Patrimônio”, aprovada pela Lei Aldir Blanc, que também terá um livro das alegorias e das indumentárias. “A proposta deles é sempre a mesma: permitir uma leitura histórica de como essas coisas mudaram ao longo do tempo”, explica o conselheiro de artes.
A antologia também suscita novas reflexões sobre como a toada se fez, como um ritmo local e subgênero da música popular, seus compositores, os temas abordados pelo Boi Caprichoso no Festival Folclórico de Parintins, as alterações do som ao longo dos tempos e as influências presentes no trabalho dos músicos do bumbá. “É um livro bastante completo, apesar das dificuldades impostas pela pandemia. A produção leva tempo. A gente trabalhou com a pesquisa entre fevereiro, março, abril e maio, para poder chegar com esse livro pronto agora”, esclarece Diego Omar.