Morreu neste domingo (1/8), aos 84 anos, o cientista político e ex-ministro da Cultura, Francisco Weffort. Ex-professor da USP, ele foi fundador do PT e chegou ao ministério da Cultura, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Welffor era um entusiasta do Festival Folclórico de Parintins. Em novembro de 1995, o então ministro da Cultura, levou os bois Garantido e Caprichoso para encerrar o primeiro Encontro da Cultura Popular Brasileira, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
“Welffort voltou entusiasmado de Parintins”, dizia Fernando Henrique, no discurso de abertura.
A ideia de levar os bumbás de Parintins para o encontro foi do carnavalesco Joãosinho Trinta. Ele e o ministro da Cultura estiveram em Parintins, naquele ano. Em 1996, o Festival de Parintins foi o tema do samba enredo da Viradouro ( Aquarela do Brasil ano 2000), graças ao carnavalesco.
Mas, na noite de 29 de junho de 1995 ( segunda noite do Festival), Francisco Welffort viu apenas uma apresentação especial dos bois, com pouquíssimas alegorias, no Bumbódromo.
Naquela noite caiu um forte temporal, que anulou a contagem de pontos dos jurados, conforme previa o regulamento. Mas, ‘como quem tá na chuva é pra se molhar’ os bumbás realizaram uma apresentação para o ministro e os demais presentes, mesmo assim.
O ministro da Cultura saiu dalí convencido do que viu, citando um provérbio: ‘pelo dedo se conhece o gigante’. Com Welffort vieram, em 1995, a Coca-Cola, que estreava como patrocinadora da festa e a TV Globo (Rede Amazônica), com um espaço generoso no Fantástico.
Em agosto, daquele mesmo ano, em Entrevista para o Jornal a Folha de São Paulo, o ministro da Cultura, voltava a falar do Festival de Parintins.
Foi quando a reportagem lhe perguntou sobre música. Na época, ´É o tchan’, do grupo gera Samba, arrebentava nas paradas de sucesso. Welffort disse que o ‘É o Tchan’ se tratava de ‘uma moda’ e citou a toada de boi-bumbá, como uma grande força musical: ‘tem tradição, tem raiz’.
WELFFORT para a Folha – “Mas tem um monte de bobagem que vende. Vender não é critério. Houve uma época em que o bambolê vendia. Importante na área popular é outra coisa. Por exemplo, o Círio, em Belém, ou Parintins, no Amazonas, são manifestações culturais que vão ficar.
Que alguns gostem e outros não são outros 500 cruzeiros, mas vão ficar. Aquilo, sim, tem uma raiz tremenda. No caso de Parintins, é a reelaboração popular de um tipo de tradição que está em todo lugar no Brasil. E também vende, no Brasil e na Europa. Não é moda passageira, tem tradição, uma raiz, força’.