Apesar de a agricultura mundial empregar 65% da população mundial e ser responsável por 75% do seu comércio doméstico,a maioria dos recursos e políticas públicas está direcionada ao desenvolvimento urbano.
Esta falta de balanceamento se acentua em economias em desenvolvimento, prejudicando não apenas as populações rurais, como todo o processo econômico e social. Nestes países, de cada quatro pessoas pobres, três situam-se em zonas rurais e dependem, direta ou indiretamente, da agricultura. Essas pessoas, devido as suas características psicossociais, cultura e comportamentos pouco empreendedores, muitas vezes, têm dificuldades de deixar de conviver com processos tradicionais de trabalho, o que acaba afetando sua produtividade e o desenvolvimento econômico e social. No Brasil, o agronegócio como um todo, considera, além da agropecuária propriamente dita, as atividades a montante (“antes da porteira”) e a jusante (“depois da porteira”), e gera um a cada três empregos no Brasil, ou seja, 18 milhões de emprego ou 30% da população economicamente ativa.
Assim sendo, o fortalecimento da agricultura familiar tem sido visto como uma forma de desenvolvimento sustentável, pois contribui para a criação de atividades agrícolas e não agrícolas e,
com isso, colabora para que as famílias permaneçam ou se fixem no meio rural, minimizando o êxodo ocorrido no final da década de 1980, além de suavizar um quadro nefasto de grande concentração de terras e riquezas no campo e desordenado processo de urbanização.
No entanto, apesar da evidente importância da agricultura familiar, até meados da década de 1990, os pequenos agricultores brasileiros tinham pouco ou nenhum acesso ao crédito e as políticas públicas existentes, muitas vezes, não atendiam aos anseios desta população.