Os estudantes que se inscreveram para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 têm até segunda-feira (19) para pagar a taxa de inscrição no valor de R$ 85.
Sem o pagamento, a inscrição não é concluída e não é possível fazer o exame.
Neste ano, diferentemente da edição anterior do Enem, as versões impressa e digital serão aplicadas nas mesmas datas (21 e 28 de novembro) e terão perguntas iguais. O Enem digital será exclusivo para quem já concluiu o ensino médio ou está concluindo essa etapa em 2021.
O Enem 2021 terá, no máximo, 4.004.764 participantes – que é o número de inscritos até quarta-feira (14), quando terminou o prazo para cadastro. Normalmente, parte dos candidatos não efetua o pagamento da taxa de inscrição e, por isso, o número final tende a ser menor.
Ainda assim, já é possível saber que o número de candidatos do Enem em 2021 é o menor desde 2007 e representa uma queda de 34% em relação à edição de 2020.
Dos inscritos, 3.903.664 deverão fazer a versão impressa. A versão digital teve as 101.100 vagas ofertadas preenchidas.
Como serão as provas
Como nos últimos anos, o Enem será aplicado em dois domingos:
21 de novembro
O candidato terá 5 horas e meia para responder
45 questões de linguagens;
responder 45 questões de ciências humanas fazer uma redação.
28 de novembro
A prova terá 5 horas para o candidato responder a:
45 questões de matemática
45 questões de ciências da natureza.
Veja os horários de aplicação (no fuso de Brasília):
Abertura dos portões: 12h
Fechamento dos portões: 13h
Início das provas: 13h30
Término das provas no 1º dia: 19h
Término das provas no 2º dia: 18h30
Regras de prevenção à Covid-19
Será obrigatório que os candidatos usem máscara durante a prova para reduzir o risco de contaminação por Covid-19.
No edital, também há a determinação para o uso de álcool em gel na higienização das mãos.
De acordo com o edital do Exame, não seguir os protocolos de prevenção à Covid-19 é considerado critério de eliminação.
Para Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo da organização Todos Pela Educação, o baixo número de inscritos tem diversos motivos. Um deles é o fechamento das escolas durante a pandemia.
“Acho que é reflexo fundamentalmente de duas questões: a primeira é a perda do vínculo com a educação e com os próprios estudos em função de um ensino remoto de baixíssima efetividade e com alcance limitado”, apontou Nogueira Filho.
“E o segundo [motivo] é que é reflexo da necessidade de busca de renda por parte de muitos desses jovens”, completa.
Outro ponto que contribuiu para queda, diz o especialista, são as regras para obter isenção da taxa de inscrição – que preveem que, se um aluno que pede a isenção da taxa não comparece ao exame, ele não tem direito a recebê-la no ano seguinte.
Por causa da pandemia, entretanto, mais da metade dos participantes não compareceu às provas de 2020. Para conceder novamente o benefício da isenção aos alunos que faltaram no ano passado, o Ministério da Educação (MEC) aceitava motivos como morte na família ou problemas de saúde – mas não o medo de contágio pela Covid-19.
Ou seja: quem deixou de fazer a prova porque não queria se expor a aglomerações perdeu o direito à isenção nesta edição.
“Isso impacta, claro. Ainda mais quando a gente volta pro quadro de que metade dos jovens de 15 a 29 anos tiveram impacto na sua renda familiar. A crise econômica tem afetado muito [os] jovens e naturalmente eh a taxa [de inscrição] incide”, afirma Nogueira Filho, do Todos Pela Educação.
O especialista diz que a inação do governo federal contribuiu para o cenário.
“Nós estamos diante de um Enem que prejudicará os mais pobres – em função da pandemia, do ensino remoto [que] foi menos efetivo para os jovens mais pobres de maneira mais forte”, afirma.
“Quando o governo não toma, por exemplo, uma decisão de rever a regra da isenção da taxa, é essa inação. O governo não enxerga o problema em termos um Enem que prejudica os jovens mais pobres, não parece estar incomodado com o fato de a gente ter, pelo segundo ano consecutivo, um Enem excludente”, diz Nogueira Filho.
A postura, diz, é “diametralmente oposta à ideia de uma de um país mais justo” e que precisa enfrentar desigualdades.
“Eu acho que, se fosse um governo de fato comprometido com a educação, com a ideia de que a educação é o grande vetor de transformação individual e coletiva de um país, a pergunta ‘o que fazer pra mitigar esse cenário?’ deveria tirar o sono do ministro da Educação. E não parece ser esse o caso. Não se tomou ações pra atenuá-lo – pelo contrário, permanecemos com uma regra que era evidente que resultaria num cenário como esse”, avalia.