Com a disseminação da variante indiana pelo mundo, o Brasil ligou o alerta para tentar evitar que a mutação encontre terreno fértil por aqui, sobretudo, nesse momento em que o país ainda atravessa a segunda onda e tem que lidar com a variante de Manaus, que se espalhou por todos os estados.
Contudo, especialistas não escondem a preocupação com o vírus B.1.617, da Índia, sobre quem ainda se sabe muito pouco, mas se vê o resultado catastrófico com os recordes de mortes diárias no país.
A preocupação tornou-se ainda maior, depois que um indiano contaminado com a covid, chegou ao estado do Maranhão em um navio no último domingo (15). Ele está internado e todos os tripulantes da embarcação estão em quarentena. Um dia antes, após cobrança incisiva da da Anvisa, o Governo já tinha anunciado a proibição da entrada de viajantes da índia, Reino Unido, África do Sul e Irlanda do Norte, mesmo assim, o passageiro entrou por via marítima.
Para os pesquisadores, a cepa indiana chama atenção porque além de se propagar em uma velocidade bem parecida com a P.1, encontrada em Manaus, ainda não se sabe se ela provoca formas ainda mais graves da doença e se é capaz de burlar a proteção das vacinas.
O que se tem certeza até o momento é que a mutação encontrou uma forma de driblar o sistema imune e que ela precisa de uma carga muito menor de vírus para se propagar rapidamente.
A mutação já se espalhou para 44 países e já há casos confirmados na Argentina, que faz fronteira direta com a Argentina. O virologista Flávio da Fonseca, explica que há um temor do que a possível chegada do vírus ao país possa provocar neste momento em que o sistema de saúde ainda está fragilizado: “Quando a segunda onda da covid-19 começa a dar sinais ainda tímidos de diminuição, me preocupa a possibilidade de uma nova linhagem chegar e piorar as coisas novamente”, disse em entrevista a BBC Brasil.
Ele pontua que em território brasileiro, a variante teria que disputar com a P.1, que é a cepa dominante, mas o resultado disso é totalmente desconhecido. Fonseca acredita que a P.1 suplantaria a variante indiana, mas não ainda é possível afirmar a tese.
Outros especialistas também acreditam que a variante de Manaus ainda é mais agressiva: “Eu diria que, no momento, a variante encontrada no Amazonas me preocupa muito mais, pois ela é tão ou ainda mais transmissível que a linhagem da Índia”, avalia o virologista José Eduardo Levi, da rede de laboratórios de diagnóstico Dasa à BBC.
Mas, para eles, independente do potencial das mutações, ambas podem causar grandes estragos, por isso a vacinação e a continuidade do uso de máscaras, distanciamento social, uso de álcool em gel e demais medidas de proteção continuam sendo a base do combate à pandemia e não podem ser ignorados.